“A Múmia” dá pontapé morno na franquia de monstros da Universal Pictures
Essa semana fiz um post explicando sobre esse novo universo de monstros da Universal Pictures e A Múmia é o primeiro título que abre a franquia, entretanto, poderia ter sido melhor.
O filme começa com a história da Princesa Ahmanet que é a próxima na linha de sucessão a governar todo o Egito. No entanto, seu pai, o atual Rei, acaba casando de novo e sua segunda esposa lhe dá um filho e todos sabem que homens são preteridos no lugar de mulheres ao trono, logo, Ahmanet traça outro plano para poder se tornar a soberana do Egito e faz um acordo com Set, o Deus dos Mortos, que dá errado e ela é condenada a mumificação viva. Séculos mais tarde é encontrada por um saqueador chamado Nick Morton e é onde começa a ação.
A Múmia não foca tanto no papel de Ahmanet e gira mais em torno da maldição que recai sobre o saqueador/sargento do exército Nick que passa a ser controlado pelo monstro que o deseja como par. Por isso, optei em apresentar o resumo do filme de outra forma, dando mais importância a personagem título ao invés do papel do Tom Cruise; a mesma preocupação que o estúdio deveria ter tido. Mas, se tratando de um astro como ele, duvido que tivessem outra opção já que tratava-se (obviamente) de uma via de mão dupla onde o ator ajudaria a promover o longa e colocar a nova franquia e esse universo em expansão do estúdio no mapa. Só que não ocorre da melhor forma. Infelizmente.
Este título em nada lembra a trilogia iniciada em 1999 e isso não é ruim, muito pelo contrário, ambos possuem propostas bem diferentes. Aqui, além de termos uma versão nova da Múmia que tem uma motivação mais sombria do que Imhotep (Arnold Vosloo), a múmia original e recente, ela também parece deter mais poderes ao transformar outras pessoas em versões mumificadas e que passam a ser seus servos fiéis ao invés só daquele controle mental de Imhotep. O que deixa claro as intenções do filme de que o monstro não pretende poupar ninguém. E a atriz Sofia Boutella possui muito mais carisma que Vosloo e se adequá a papéis assim (vide sua performance em Star Trek: Sem Fronteiras), além de entregar uma atuação significativa, dando destaque ao personagem e captando a atenção do espectador.
Por outro lado, Tom Cruise parece meio inadequado no papel. O ator provou diversas vezes que consegue sustentar bem filmes de ação, só que aqui fica claro que a comédia está aquém da sua zona de conforto. Todas as vezes que precisa representar uma piada, e tem muitas no longa, falha com louvor. O espectador acaba rindo do desconforto visível dele em cena e não por conta do teor da piada. Felizmente, o fato de estar fora do seu elemento não estraga o filme por completo, apenas deixa-o morno, porém continua saindo-se bem nas cenas de ação, como era de o esperado.
Isso deve-se ao universo que é apresentado em A Múmia e que tornou-se intrigante para o espectador, em especial com a aparição de Russell Crowe como o Dr. Henry Jekyll. Tanto ele, quanto a Sofia, são os verdadeiros responsáveis por conseguir que A Múmia não seja um fracasso completo e oras, se estamos lidando com uma franquia que gira em torno dos monstros clássicos, nada mais natural certo? Crowe parece ter se adaptado bem as duas personalidades do monstro e foi uma excelente escolha para o papel que mesclou não apenas o Dr.Henry Jekyll e o Edward Hyde, como também o papel do advogado que é quem investiga o cientista na história original. O ator foi sem dúvida uma boa escolha para um papel que requer dele um ar mais de mistério como esse em questão.
No final, A Múmia vale enquanto entretenimento, traz ainda referências aos filmes antigos de monstros, porém, não dá para negar que é um primeiro título meio atrapalhado de uma franquia que promete ser bem longa. Espero que consertem os erros nos próximos.