Especial MCU 10 Anos: “O Incrível Hulk”
E seguindo em frente com o nosso especial, chegou a hora do gigante esmeralda: O Incrível Hulk. Um filme repleto de controvérsias e que poderia ter colocado todo o universo em construção em colapso.
Felizmente, não foi o que aconteceu. Mesmo que o ator tenha sido trocado.
O Incrível Hulk foi lançado pela Universal Pictures e possui uma atmosfera bem distinta da apresentada em Homem de Ferro. Ambos lançados no mesmo ano. Criou-se todo um mistério em torno do personagem a fim de elevar o tema de espionagem e intriga com o exército que é a proposta aqui. Um ponto bem acertado.
Logo no início vemos cenas que narram a origem dos poderes do Hulk dispensando que haja a necessidade de repetir essa narrativa. Em poucos minutos fica claro para o espectador que ocorreu um acidente durante um experimento e agora, o Dr. Bruce Banner (Edward Norton) é procurado pelo exército. Somos apresentados aos envolvidos no incidente e então catapultados para o presente onde vemos o esconderijo atual de Banner: a favela da Rocinha.
Passaram-se alguns meses desde que ele transformou-se no Hulk e agora tenta passar despercebido em meio a centenas de pessoas que vivem na Rocinha. Um feito complicado se tratando de um gringo. Norton até convence como o cientista perdido e isolado do mundo, entretanto, todas as cenas até o momento em que ele é encontrado parecem jogadas de qualquer jeito. E ele não transparece estar com medo mesmo do que pode vir a acontecer. De ficar irritado e se transformar. Ele até tenta, mas, como diria Yoda “do or do not there is no try”.
Provável que a grande questão problemática do filme seja a visão proposta ao espectador que é: foco total no Hulk, deixa o Bruce de lado. Desse modo, passamos a nos importar menos com o que acontece a ele. O que torna toda a sua jornada depois do primeiro ataque na fábrica de refrigerante sem importância. Incluindo o tempo que ele passou mendigando nas ruas para chegar até a Virgínia. Uma verdadeira proeza, é preciso reconhecer. Já que ele levou menos de 20 dias para conseguir dinheiro o suficiente para ir até lá e sem passaporte ou quaisquer documentos. O que nos leva ao seu encontro com Betty (Liv Tyler) e todo um sub-plot que patina em gelo fino.
O romance não funciona como deveria e não é porque não são bons atores. Não. Mas sim porque não possuem qualquer química juntos. Não convencem como casal e todas as cenas que estão juntos são repletas de um desconforto palpável. Betty é brigona, corre atrás do que quer e suas cenas solo são boas. Mesmo as que contém piadas. Funciona até mesmo como par romântico do Hulk, mas não do Bruce. E de novo. A gente volta lá na questão do filme focar mais no gigante esmeralda do que no cientista.
Ainda bem que nesse ponto do filme é o momento do Dr. Bruce Banner dar espaço de vez para a sua outra metade. Nos fazendo voltar os olhos para o novo vilão Blomsky (Tim Roth). Mais uma vez são dois vilões onde um é aquele que dá as ordens e o outro as executa. General Ross (William Hurt) é o mandante e torna o ambicioso Blomsky em seu assecla. Ele só não esperava que o homem fosse tomar tanto gosto pela droga a ponto de se transformar no Abominável. Assim os receios do General tornam-se realidade: há um monstro a solta na cidade e aterrorizando as pessoas. E não foi o que ele criou. Bem, pelo menos não de forma direta.
Tim Roth é um ator competente e constrói bem a psicopatia do seu personagem. Tanto que isso fica em evidência no último ato. Não ficou com medo do Hulk quando o viu pela primeira vez igual seus colegas. Estava fascinado. Um homem que entrou para o exército a fim de viver em batalhas mas que foi colocado de lado conforme a idade avançava. Quer oportunidade melhor do que essa? Ter poderes de um monstro e não envelhecer? E é onde vemos que o Hulk evolui de homem/monstro/máquina/arma e torna-se algo a mais para o exército: uma necessidade. Não há mais razão para tentar controla-lo. E na certa, como fica comprovado, não vão conseguir replicar o soro da forma correta. Olha só o Abominável. Então, é melhor aceitar que o Hulk é um mal necessário e que ele pode vir a ser útil no futuro do que insistir nessa perseguição.
O Incrível Hulk triunfa em ser um filme de origem sem ser um. Apresenta bem o personagem, seus dilemas e o universo que o engloba sem ter que colocar o espectador num laboratório para tal. As cenas de ação agregam bastante ao filme e todo o CGI continua válido mesmo quase 10 anos depois da estreia.
Algumas coisas podem ter mudado, como o próprio Hulk, porém, esse filme continua servindo ao seu propósito e portanto não deve ser esquecido.
Ficha Técnica Diretor: Louis Leterrier Roteiro: Zak Penn Elenco: Edward Norton, Liv Tyler, William Hurt, Tim Roth, Ty Burrell, Tim Blake Nelson, Christina Cabot, Peter Mensah, Lou Ferrigno, Débora Nascimento, Greg Bryk, Chris Owens Duração: 1h52min
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